Juventude, educação e esperança
Inicio esta reflexão sobre “juventude, educação e esperança”, com a promessa do presidente Lula em se dedicar para “tirar a escola brasileira do pior dos mundos”, defendendo até a indicação de técnicos para controlar pastas da área social, como Educação e Saúde, como forma de blindar os órgãos da incompetência administrativa. E convidou, além dos reitores e especialistas em educação presentes, ex-ministros, como Paulo Renato e Cristóvão Buarque, para que se unam para melhorar a educação neste país.
Todos sabemos que, em relação à educação somente ações coordenadas que visem capacitar técnica e eticamente crianças, jovens e adultos, num processo de educação formal (escolar) e não-formal (comunitária) podem manter viva a esperança de uma sociedade melhor para todos.
A análise do presidente, reconhecendo que a educação no Brasil está entre as piores do mundo, ajuda a pensar nas conseqüências para a sociedade em geral. Talvez por isso, ainda temos:
- pessoas tirando proveito de qualquer jeito (percebido especialmente entre os políticos);
- tantas pessoas excluídas de bens e direitos, tornando este país um dos mais desiguais e injustos do mundo;
- roubos, assaltos e falcatruas que deixam a todos inseguros para caminhar nas ruas, estabelecer contratos ou confiar trabalhos delicados;
- incompetência administrativa, sem condições éticas e técnicas para o exercício dos cargos que assumem, facilitando a corrupção ou provocando gastos e preocupações desnecessários.
Estas são apenas algumas das muitas conseqüências da ausência de uma educação de qualidade para todos. Alguns defendem que houve perda de qualidade nos últimos anos, pois além de não aprender a ler e escrever, a grande maioria das nossas crianças e jovens de hoje não participam mais de comunidades e das ricas experiências dos grupos de catequese e juventude.
A OIT (Organização Internacional do Trabalho) mostra que o colapso na educação faz com que o Brasil tenha um dos maiores contingentes de trabalhadores sem escolaridade, entre os países em desenvolvimento. Uma comparação entre o Brasil e a Coréia do Sul, por exemplo, mostra que, enquanto 60% da força de trabalho brasileira tem apenas quatro anos de escolaridade, na Coréia a proporção baixa para 7%. Por outro lado, 20,5% dos trabalhadores brasileiros não têm nenhuma escolaridade, sendo que inexiste tal continente de iletrados na Coréia.
O Brasil desenvolveu um grande programa de educação popular nos anos 1950 e 1960, diminuindo bastante o número de analfabetos. Mas, em meados de 1970, voltou a ser negligente, de tal maneira que, em 1976, 45,5% dos assalariados brasileiros tinham apenas o curso primário de quatro anos e em 1985, a proporção caiu apenas 4,7%, totalizando ainda 40,8% de assalariados com apenas o primário. As últimas avaliações oficiais mostram 11% da população acima de 15 anos de idade ainda é analfabeta.
Além disso, nos últimos anos decaiu muito a participação comunitária, espaço importante para a formação cidadã. Esta diminuição é percebida especialmente nas pastorais que oferecem os grupos como espaço de formação, como os grupos de jovens. Há, portanto, fragilidade na formação cidadã e técnica, corroborando com a afirmação do Lula de que a educação no Brasil está “no pior dos mundos”.
Mas quero defender a esperança e valorizar o que o nosso presidente propõe: “tirar a escola brasileira do pior dos mundos”. Pode significar que a educação seja levada a sério pelos governantes. Aliás, é isso que eu gostaria de ver. E sugiro uma atenção especial para que todos as pessoas possam participar de grupos e comunidades, mas também, tenham acesso às escolas e universidades. Além do Prouni surgem outras modalidades de educação universitária, como o programa da Universidade Aberta do Brasil, oferecida gratuitamente em colaboração com os municípios (que necessita se conhecida melhor).
Portanto, há sinais de esperança na educação brasileira. Que possamos nos organizar para oferecer a todos uma educação de qualidade que permita dominar as tecnologias e sustente uma ética para viver em sociedade.